
Na maior parte do hemisfério sul, a primavera chega em setembro. Oferecendo uma pausa do inverno, um precursor do verão, é uma estação de renovação e crescimento.
Este não é o caso no nordeste tropical do Brasil, onde as temperaturas permanecem mais ou menos constantes ao longo do ano. Aqui as pessoas falam sobre duas estações – uma chuvosa, uma seca, ambas quentes – e em setembro a chuva ainda está muito longe.
No entanto, no passado mês de setembro, uma equipa da Angels invadiu a cidade e centenas de crianças cumprimentaram-nas com imenso entusiasmo e mergulharam-se em lições que salvam vidas. O cenário para estes eventos foi a Serra Talhada, uma cidade no interior do estado de Pernambuco, onde a equipa Angels do Brasil teve compromissos com quatro escolas.

As escolas que eles haviam selecionado todas atenderam comunidades vulneráveis e marginalizadas, e foi isso que trouxe Alessandro Rômulo, Karla Trevisan, Vivian Finotti, Mariana Rossi e Andréa Giordano nessa missão.
Luís Pereira Leal e Josefa Alice são escolas frequentadas por crianças de comunidades indígenas, enquanto Francisca Gooy e Fasto Pereira são escolas rurais quilombolas cujos alunos são descendentes de escravos afro-brasileiros. A pobreza e a discriminação deixaram a sua marca nestas comunidades. Em alguns não há saneamento básico e as crianças com fome vão para a cama e para a escola. Com a instabilidade social e económica vem a atracção do crime organizado e das drogas, bem como dos riscos para a saúde. A população é vulnerável a hipertensão, diabetes e outros fatores de risco para AVC.

O objetivo da equipa Angels era apresentar às crianças o projeto Heróis FAST e ensiná-las a reconhecer os sinais de AVC e a importância de procurar ajuda rapidamente. O seu trabalho nesta região teve início em maio de 2024. A ativação de setembro, apoiada pelo serviço de ambulâncias local, levou o número de escolas atingidas na rede municipal da Serra Talhada para 63, com 5.564 crianças em idade escolar ganhando suas capas. A equipa aproveitou a oportunidade para expandir o projeto para a cidade vizinha de Itacuruba, onde ensinaram mais 212 crianças sobre o AVC. Na grande Serra Talhada havia agora 5776 super-heróis, 400 professores experientes em AVC e milhares de avós mais seguros do AVC.
Alcançar metas para a implementação dos Heróis FAST é um dos critérios para o estatuto de Cidade Angels e Serra Talhada é uma das duas regiões vulneráveis no nordeste do Brasil que se espera alcançar este marco antes do final de 2024. O outro é o Quixeramobim, localizado a cerca de 450 km a norte. Aqui o projeto foi implantado no final de julho, em mais de 20 municípios e em 36 escolas.
A Escola Primária Dona Maria de Araújo Carneiro formou 450 alunos e serviu como pioneira e modelo para outros. À medida que o projeto cresceu, chegou a 44 gestores escolares e 77 professores, que desde então formaram 2350 crianças.
Levar os Heróis FAST a comunidades com poucos recursos no nordeste do Brasil tem sido uma jornada inspiradora, dizem os consultores Angels. “Em algumas escolas, fomos recebidos com atuações de teatro, dança e reanimações de poesia, que refletiram o envolvimento dos professores com o tema de sensibilização para o AVC.
“Percebemos que a aprendizagem vai além do ensino sobre o AVC. Tivemos a oportunidade de conhecer profundamente a cultura local das cidades que visitámos. Testemunhar as suas vidas quotidianas – através de hábitos, costumes, comida e, mais importante ainda, a alegria que mostraram ao dar-nos as boas-vindas às suas escolas – deixou uma impressão duradoura sobre todos nós.”