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Espanha

Medidas extremas | Uma estratégia centrada nos enfermeiros realiza a mudança na Extremadura

Poderá uma estratégia regional resolver um problema regional nesse canto remoto da Espanha?
Angels team 12 Janeiro 2022

Numa região esquecida de Espanha, a rede de AVC enfrentava incontáveis barreiras que deixava vulnerável a sua população envelhecida. Poderia uma estratégia a nível da região solucionar um problema do tamanho da região e que papel poderia desempenhar os enfermeiros?

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A Extremadura parece desde há muito tempo um bom lugar do qual sair. Isto era verdade no século XVI quando esta região pobre e acidentada no oeste da Espanha era solo fértil de recrutamento para os conquistadores como Fernando Cortez e Francisco Pizarro que encontravam rapazes de aldeias remotas ávidos pelas embarcações que os levariam à conquista da América Central e do Sul.

E parece que continua a ser verdade 500 anos mais tarde quando o êxodo de jovens da Extremadura deixa para trás uma população progressivamente em declínio e cada vez mais envelhecida na região mais pobre de Espanha cujo nome, não é por acaso, deriva da palavra espanhola para “extremos”.

Os cuidados de AVC na Extremadura são fornecidos através de uma rede de 11 hospitais incluindo dois centros abrangentes (em hospitais universitários nas capitais de província Cáceres e Badajoz) e nove hospitais ligados através do Telestroke. É num destes hospitais que as consultoras Angels Alicia Arjona e Belén Velázquez cometeram o “erro” que iria acabar por dar forma à estratégia inicial de transformar os cuidados de AVC na Extremadura.

A simulação é uma excelente ferramenta para otimizar a via de AVC pois expõe os pontos fracos que podem ser reforçados através de intervenções direcionadas. No entanto, sem coordenação entre os hospitais e os serviços de ambulâncias, sem registo funcional de AVC, sem registo do tempo mediano de “porta-a-agulha” da região e várias barreiras técnicas a obstruir a rede Telestroke, as melhorias mais urgentes na Extremadura estavam muito para além do poder de um único hospital.

Abandonando por agora o plano de realizar formação por simulação em cada um dos hospitais da região, Alicia abordou em vez disso o governo regional com uma estratégia regional holística e estruturada que deu prioridade à formação em EMS, formação e motivação dos enfermeiros e incutir uma mentalidade de monitorização da qualidade, apoiando o registo nacional e educando a população envelhecida vulnerável da região sobre o AVC.

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A linguagem Angels deriva do modelo de alteração comportamental que Chip e Dan Heath definiram no seu livro mais vendido, Switch, a que chamaram “criar um roteiro dos passos críticos”. Baseia-se em descobrir os destaques na situação que se pretende alterar e que apontam para o destino.

No caso dos enfermeiros, Alicia sabia como seria o destino, um grupo de trabalho regional ativo de enfermeiros capacitados que compreendessem o valor da monitorização da qualidade. “O meu destaque vai para os próprios enfermeiros”, afirma Alicia. “Eles passam cerca de um terço de cada turno a documentar as informações dos doentes, por isso, já são coletores de dados, passam mais tempo com os doentes do que os outros profissionais e desempenham um papel importante em pontos-chave na via do AVC agudo”. Mas mesmo ela teve de admitir que o seu destaque estava um pouco “apagado”.

O interesse nos cuidados de AVC era pouco e nenhum dos enfermeiros na região era membro da Sociedade Espanhola de Enfermagem Neurológica (Sociedad Española de Enfermería Neurológica, SEDENE) Quando lhes foi oferecido o pódio num evento de formação regional a ser abordado por enfermeiros que tinham liderado projetos de monitorização de qualidade noutras regiões, mostraram-se relutantes.

Devido à rotatividade frequente dos enfermeiros entre departamentos, Alicia tinha decidido formar enfermeiros dentro e fora das unidades de AVC. Cerca de 200 enfermeiros de toda a região assistiram ao evento de formação e regressaram aos respetivos turnos num estado de elevado entusiasmo sobre um projeto conhecido como o Desafio de Helsínquia.

Ao longo das seis semanas seguintes, de 12 de maio a 23 de junho, os enfermeiros de todos os hospitais preparados para tratar AVC na Extremadura registariam os dados de doentes de AVC num
cartaz A3, anotando as quatro principais métricas: tempo
“porta-a-contacto com neurologista” (face-a-face ou através do Telestroke), o tempo decorrido entre o contacto com o neurologista e o doente ser submetido a um exame de TC, o tempo “TC-a-agulha” pra os doentes elegíveis para trombólise e o local onde foi iniciada a terapêutica de recanalização.

Este era o conjunto de passos críticos programas dos próprios enfermeiros e com poucas exceções levaram-nos a cabo ao pé da letra. Após seis semanas conseguiram alcançar o seu destino, uma reunião virtual de feedback onde os resultados seriam analisados e oportunidades de melhoria identificadas, onde os enfermeiros participantes receberiam certificados para distinguir o seu empenho e onde o grupo de trabalho dos primeiros enfermeiros de AVC especializados da Extremadura seria uma realidade.

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Consultores Angels na Espanha (da esquerda): Alicia Arjona e Belén Velázquez


O Desafio de Helsínquia destina-se a criar uma cultura de monitorização da qualidade e a capacitar os enfermeiros, diz Alicia.

Além de confirmar que o tempo mediano desde a entrada-até-agulha para a região está longe de ser catastrófico, 42 minutos deixam, ainda assim, muito espaço para melhoria, mas os dados não são o resultado mais importante. O que mais importava era que o esquadrão de enfermeiros recentemente capacitados na esquecida região espanhola se preparava para ser líder e apresentava as suas ideias para melhorar os cuidados de AVC nos hospitais.

O feedback incluía que o desafio os tinha equipado com um entendimento do que causa os atrasos na fase hiperaguda e a resolução necessária no que concerne o sistema Telestroke (cujos representantes estavam presentes na reunião). As propostas incluíram mais formação em cuidados de AVC, diretrizes normalizadas para
utilizar o Telestroke e comunicação melhorada entre enfermeiros e neurologistas incluindo uma reunião anual entre neurologistas e o grupo de trabalhos dos enfermeiros recentemente cunhados.

Entretanto, a estratégia regional para a Extremadura também conduziu a uma ativação mais frequente do código AVC por parte do serviço de ambulância, e a implementação da campanha Heróis FAST nas escolas locais para que as crianças possam partilhar informação que salva vidas sobre o AVC com os seus avós. Os planos estão em curso para estabelecer ligação entre o registo de AVC local e os Prémios Angels para que as equipas de AVC de alto desempenho possam ser reconhecidas pelos seus resultados e alargar a formação a radiologistas e médicos de cuidados primários.

Mas por agora, é altura de regressar aos aspetos básicos da consultoria local para melhorar a via do AVC em hospitais individuais. Desta vez, organizar formação de simulação não será um “erro”.

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